domingo, 13 de abril de 2008

O Medo de Deus

Por Karla Oliveira.
Eu nasci em uma família de católicos, ateus e espíritas kardecistas. Freqüentei durante a minha infância a igreja católica e achava aquilo uma tortura. Perdi minha mãe aos sete anos de idade e fiquei traumatizada por um bom tempo. Os católicos da família achavam que eu tinha "encosto" e me obrigavam a assistir a missa para "afastar o encosto". NInguém conseguia enxergar que eu sentia saudades da mãe que tinha morrido. Outros falavam: "sua mãe está te olhando lá do céu", então eu perguntava: "se ela continua a olhar a família lá do céu, por que então morreu"? respondiam: "por que deus quis". Eu era criança, mas não era ingênua a ponto de aceitar essa resposta. Também era inteligente o suficiente para não prolongar a discussão, por que sabia que a resposta seria sempre a mesma "deus quis, deus vê, deus isso, deus aquilo..." Um dia alguém disse "seja uma boa menina, respeite seus pais, por que deus vê tudo o que você faz". Mas eu não podia acreditar que existia um deus que me seguia até no banheiro, isso muito me divertia, mas eu não podia contestar um adulto, por que isso implicaria em "ir para o inferno e queimar eternamente", coisa que sinceramente, na minha infância, eu acreditei. Os adultos falavam que para entrar no reino dos céus era necessário ser submissa, não responder aos mais velhos, comer toda a salada, não falar de boca cheia, etc... eu me considerava condenada ao fogo eterno, sem nenhum recurso. Ainda por cima tinha que acordar no domingo as 5:30 da manhã para ir à missa, seguir todas as procissões, fazer primeira comunhão, e o que é pior: me confessar. O padre falava: "Agora fale-me de seus pecados" e eu astutamente pensava "será que devo falar que joguei bola até depois do horário estabelecido por meu pai?". Bem eu falava isso e outras coisas no mesmo nível. Lembro-me de ter falado que não quis comer o espinafre e joguei fora escondido da empregada ao que o padre respondeu: "reze três ave-marias por que jogar comida fora é um pecado num mundo onde tantas pessoas passam fome".
Finalmente entrei na adolescência e fui descobrindo aos poucos que a igreja não era definitivamente o meu lugar. Já estava condenada ao inferno, nada podia ser feito. A igreja não podia me salvar. Eu namorava escondida e isso era pecado, mas eu preferia ir para o inferno do que deixar de namorar , ou ouvir Cazuza. Na escola comecei a aprender sobre Charles Darwin e sua teoria da evolução, e nas aulas de história sobre civilização, e em geografia sobre a formação da terra. Matérias básicas em qualquer escola, mas que fizeram a minha cabeça e me mostraram por que me sentia tão desconfortável na igreja: Eu não acreditava na bíblia!
Lembro-me que durante uma aula de geografia enquanto a professora explicava sobre a formação geológica, uma garota da Igreja evangélica levantou e falou "professora, isso não pode ser verdade, por que na bíblia está escrito que deus criou o mundo em seis dias e no sétimo descansou". a gargalhada na classe foi geral. A professora respondeu: "Mas você tem que estudar essa matéria que vai cair na prova" e continuou...
O que me fascinava eram as aulas de história: A professora era ótima, contava a história da civilização como quem conta estorinhas infantis, todo mundo ouvia e entendia. mas sempre a "irmãzinha se levantava e falava "isso não pode ser verdade, por que o primeiro homem foi Adão. Por que esse livro de história não menciona Adão e Eva?" A professora respondeu: "por que não há relatos históricos de Adão e Eva" . Evidentemente, as professoras fugiam desse tipo de discussão por questões de ética profissional.
Quando era aula de ciências e o professor falava de Charles Darwin e sua teoria da evolução a irmãzinha quase chorava, mas não falava nada, por que sabia que não adiantava discutir com os professores, mas achava que os livros eram fábulas, coisas que inventaram para nos fazer estudar e passar de ano.
O contato com esses maravilhosos professores, me fez enxergar as coisas sob outro prisma, e eu nunca mais fui a uma igreja, afinal já tinha idade suficiente para fazer o que queria.
Alguns anos depois comecei a estudar Allan Kardec. No começo fiquei maravilhada com sua postura diferente da bíblia e sua doutrina baseada em espíritos que falavam as mesmas coisas que meus queridos professores falavam na sala de aula. Nunca vi, nenhuma menção ao chatíssimo Antigo Testamento, e o Novo Testamento estava amarrado à doutrina dos espíritos. Que cômodo! Hoje entendo que Kardec teve que amarrar sua doutrina aos ensinamentos de Jesus, talvez para fugir das perseguições na época já que seus ensinamentos são contrários à igreja.
Durante muitos anos, nunca contestei uma única vírgula do que Kardec e seus espíritos falavam, mas um dia, lendo A Gênese, deparei-me com a seguinte pergunta:
"Que é Deus" e um espírito respondia "É a inteligência suprema, causa primária de todas sa coisas".
A pouco tempo atrás li um livro que fala sobre Moisés e tirei minhas conclusões a esse respeito também.
Então comecei a me questionar: Se deus é a inteligência suprema, então é incompatível com o deus de Moisés que aparecia, mandava, ordenava matanças e guerras em seu nome. Mas a inteligência suprema tem um nome: Lei do universo, lei da natureza, mas não deus... Entendi então que adorar deus como sendo o universo e suas leis me conduziria ao panteísmo, e seria inútil e incompatível com minha formação intelectual, ser panteísta. Imagine rezar para a Lei do universo, fazer pedidos para a Lei universo e pagar promessas para a Lei universo, afinal a Lei do universo não é deus?
Cheguei finalmente à conclusão que Kardec fez um grande equívoco. Confundir as leis do universo com deus, só piorou as coisas. O universo não pára a fim de que ouvir nossas lamúrias, a rotação dos planetas não é alterada por que estamos com dor de dente, o sol não apaga por que não achamos nossos óculos escuros. A lei do universo não muda, nem atende nossos pedidos.
Assim, descobri, depois de muito tempo e muito estudar e ler, que DEUS NÃO EXISTE. As leis do universos são imutáveis, mas acreditar que são de deus nos faria supor que existe um deus criador, mas quem criou o criador?
Hoje eu entendo que o homem primata tinha medo de tudo, era indefeso e se chovia, ventava, caia raios, ele achava, na sua inteligência rudimentar, que alguém lá encima estava mandando (coitado!!) para castigá-lo. Assim se formaram as sociedades, baseadas no medo de deus. Os primeiros sacerdotes, também rudimentares, tinham como função explorar esse medo para manter os homens bonzinhos e submissos.
Essa idéia de deus sempre foi útil aos governantes(até governantes ateus), por que é mais fácil lidar com uma sociedade amedrontada e submissa que com uma corajosa. Notem que a idéia do deus de amor e bondade é obscurecida pela idéia do deus vingativo que castiga seus filhos, se não fizerem aquilo que está escrito nos livros sagrados. Mas quem escreveu os livros sagrados? homens anônimos, não filósofos conhecidos. Com que intenção? Não seria com a intenção de semear o medo e a discórdia entre as pessoas? A mando de quem? a quem interessava esse livro que põe medo nas pessoas? Quantas guerras santas houve no mundo? Se os escritores da bíblia fossem pessoas de notoriedade, seus nomes constariam dos anais da história oficial e até onde eu sei, poucos relatos e personagens bíblicos podem ser atestados pela história oficial.
Hoje em dia, não precisamos mais ter medo de deus, por que a ciência oficial, a arqueologia, a antropologia e a astronomia nos mostraram o que há no céu e embaixo da terra. Ninguém encontrou deus, Yuri Gagarin disse "Deus não existe, estive no céu e não o vi" .
Kardec nos fala que não temos "elevação espiritual" para vermos deus, nem ao menos entendê-lo. Diz que para ver deus é necessário encarnar várias vezes até atingir a perfeição. Isso implicaria em nos igualarmos a deus, segundo sua teoria, é perfeito. Que incoerência!!!
Não tem saída! Deus não existe! Não precisamos ter medo! Todos os que tentaram explicá-lo se perderam no meio do caminho! Tentar explicar deus é como tentar explicar uma maçã com quatro pernas!
Devemos ter um bom comportamento sim, por que respeitar o semelhante evita muitos aborrecimentos para nós mesmos, nesta vida, não em outra.

Pessoal participa da comunidade e convidem seus amigos.Para visualizar a página da comunidade 'Evo vs Cria 2.0', acesse: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=47972464

Um comentário:

anoitecerdosanimes disse...

Bom pode parecer besteira mas quando eu assisti um anime chamado full metal alchemist talvez umas das teorias que esse desenho mostra que seria a "a troca equivalente" que no caso seria se vc quer algo tem que dar algo tambem seja verdade por que se eu quero um carro tenho que correr atras dar meu suor para isso não esperar que Deus venha e fale " ai mano dai seu caro certo " ^.^